Autor:
Andrew Keen
Tempo Estimado de Leitura: 6 a 7 horas
Linguagem: Intermediária
Diagramação: Tradicional
Custo-Benefício: Muito bom
Páginas: 207
Editora: Zahar (Jorge Zahar Editor)
Lido em: Out/2009
Onde encontrar: Submarino

================================================

O Culto do Amador é um livro perturbador, revoltante e inquietante. É impossível lê-lo do começo ao fim e não passar por – pelo menos – um destes sentimentos. Sem dúvida, prova a capacidade editorial da Editora Zahar, que já publicou também “Conectado” do Juliano Spyer, “Ética, Jornalismo e Nova Mídia” de Caio Túlio Costa e “Cultura da Interface“, de Steven Johnson. É preciso um bom projeto editorial para publicar certos títulos e encontrar o público certo para eles.

Quase larguei o livro pela metade e botei pra vender na Estante Virtual, tamanha a minha decepção até que o livro chegasse ao ponto de mostrar argumentos razoáveis. Ainda bem que engoli seco e fui até o fim.

Na primeira metade do livro, Andrew Keen, um empreendedor da internet e ex-entusiasta da web 2.0, destila seu veneno contra a web 2.0 e parece ser apenas um preconceituoso revoltado que está nadando contra a corrente só para parecer diferente e receber atenção. Alguns trechos são especialmente bizarros, como este:

“Os jornalistas-cidadãos simplesmente não têm os recursos necessários para nos trazer notícias confiáveis. Falta-lhes não somente expertise e formação, mas relações e acesso à informação. Afinal, um CEO ou um político pode se recusar a colaborar com o cidadão médio, mas seria um tolo caso se recusasse a atender ao telefonema de um repórter ou editor do Wall Street Journal em busca de um comentário sobre uma notícia extraordinária.”

Visto às cegas, parece mais um daqueles argumentos sobre como blogs não são relevantes frente ao jornalismo da grande mídia ou sobre blogueiros não terem capacidade para escrever como jornalistas profissionais. Sobre esta discussão, aliás, é fundamental ler as cartas entre Steven Johnson, um dos pioneiros da internet, e Paul Starr, Prêmio Pulitzer e professor de sociologia em Princeton, nas quais travam um debate acirrado sobre o futuro do jornalismo e o acesso à informação.

Outro fato que se cruza com a publicação de O Culto do Amador foi a polêmica Declaração de Hamburgo (sobre este assunto, escrevi um texto sobre a Declaração de Hamburgo no WebInsider), documento de intenções publicado por um grupo de grandes jornais contra os agregadores de conteúdo, como o Google News e o Yahoo! News. A Declaração de Hamburgo mira no alvo errado, já Andrew Keen mira no alvo certo, mas exagera no calibre.

É certo que a internet teve uma influência fundamental no declínio da indústria da música (A Indústria Fonográfica se Merece!) e que a há uma gigantesca mudança de valores em curso, que atinge diferentes países e diferentes classes sociais em tempos e profundidades diferentes, mas atribuir a “culpa” destas mudanças somente à internet é um tanto superficial.

O que Keen faz é desdobrar os argumentos tradicionais e preconceitos em dados e tentar trazer senso à discussão. Para quem é profissional de internet, entusiasta das novas mídias, usuário de redes sociais e está acostumado ao discurso da web 2.0, os argumentos de Keen dóem um pouco.

Alguns exemplos usados soam superficiais ou forçados, porque poderiam ter ocorrido com ou sem a existência da internet, como o adolescente viciado em jogos online. Sem a web, ele provavelmente teria ido jogar em outros lugares, como fazem no mundo todo outros milhares de viciados em jogo que não tem intimidade com a web.

No final, Keen aborda inclusive questões como segurança das crianças ao navegar e a formação de uma cultura de “burrice coletiva”, argumentos que vale a pena entender e sobre os quais vale refletir, ainda que não se concorde com eles.

Não dá para negar que é um livro chato, mas é essencial. Se puder, quiser e agüentar, leia. Para mim valeu a pena.

===========================

Siga-me no Twitter: @rafaelroliveira

.

Este vídeo do Erik Qualman tem sido largamente divulgado no Twitter e é muito bom mesmo.

Mas cabe comentar que ele é pouco mais que um remix dos vídeos do Prof. Wesch (autor de Information R/evolution e Web 2.0 – The Machine is Using Us) com o Did You Know 3.0 (que é a versão atualizada para 2009 do Shift Happens de 2006/2007).

PS: “fad” se traduz como “mania” ou “capricho”.

.

Ontem à noite dei uma palestra sobre Mídias Sociais fechando a Semana de Comunicação da UNIESP. Foi uma experiência fantástica. O interesse dos alunos foi muito bacana e foi uma pena que começou um pouco tarde, porque não deu tempo para muitas perguntas, o pessoal tinha hora para ir embora.Agradeço o convite do Professor Marcelo

Pirana e o apoio da Professoras Alessandra de Falco!

Falei logo depois do Humberto de Almeida, Diretor de Planejamento da M51. O Humberto é um profissional muito respeitado na publicidade do interior de São Paulo. Ele falou sobre Responsabilidade Social e Sustentabilidade na Propaganda, com uma abordagem muito direta e sincera.

Não sou especialista em mídias sociais, mas não dá para se dizer profissional de web hoje sem compreender com pelo menos uma boa profundidade o impacto que a web causou como mídia, como ferramenta, como meio e como seja lá mais o que for.

Não dá pra escrever um blog sem se ver como parte desta grande rede social. Foi esta experiência que fui compartilhar ontem. Queria ter mostrado mais coisas, mas o tempo era curto e a mensagem que precisava ficar acredito que tenha ficado.

Como o ambiente estava super descontraído, me senti muito à vontade e acho que fiz a minha melhor palestra até hoje. Nunca me diverti tanto fazendo outras palestras como me diverti ontem. Portanto, devo um grande obrigado aos alunos e aos professores da UNIESP!

Conforme prometi, a apresentação está no SlideShare para download:

.

O assunto deste blog não é economia, mas essa balela de crise afeta direta/indiretamente todos nós no mercado da comunicação.

Não é de hoje que esse comportamento de manada no mercado de comunicação (publicidade, propaganda, design e marketing de forma geral) prejudica tanto os profissionais das empresas (agências, produtoras, escritórios e agregados) quanto os clientes que seguem discursos como o do Nizan Guanaes.

[seguir os links deste post pode trazer boas surpresas]

Para quem (ainda) não sabe, recentemente o Nizan Guanaes (Africa e afins) e o Fábio Fernandes (o F da F/Nazca Saatchi & Saatchi) tiveram um arranca-rabo no Maxi Mídia 2008. O Fábio enviou um comunicado posterior falando sobre o ocorrido.

Para terminar este prólogo, recebi hoje da galera Hera o texto abaixo do honorável Stephen Kanitz, que explica muito bem porque esse papo de crise é balela da mídia para vender mais jornal (e mais TV, mais rádio, mais revista, enfim… não pode faltar assunto né…).

Um grande amigo meu foi uma das vítimas da crise, demitido de uma grande agência de São Paulo por ser contratado via CLT, o que “gerava muitos custos para a agência”. É por essas e outras que muitas vezes eu tenho nojo do mercado. Como este mesmo amigo meu disse, ninguém vendeu seus Jaguares e New Beetles antes de demitir suas equipes ou avisar que ninguém tira férias ou recebe aumento né?

Boa leitura!

————————————————–

O que Fazer Nesta Crise? (muito bom)
Stephen Kanitz
Toda crise tem sete fases.
Fase 1. Não há problema na economia, diz a autoridade econômica,
é tudo boato.
Fase 2. Sim, temos um problema mas tudo está sob controle.
Fase 3. O problema é grave mas medidas corretivas já foram tomadas.
Fase 4. O problema é muito grave mas as medidas emergenciais
surtirão efeito.
Fase 5. Pânico geral e salve-se quem puder.
Fase 6. Comissões de inquérito e caça aos culpados.
Fase 7. Identificação e prisão dos inocentes.

Os Estados Unidos e a Europa estão na fase 5. Brasil, China e Índia
estão na Fase 3. Precisamos nos proteger contra a possibilidade de
chegarmos na Fase 5, quando basta um entrevistado na televisão afirmar
“que esta crise é igual ou pior que a de 1929″, como vários á
falaram, ou escrever no jornal “as conseqüências da crise chegaram
definitivamente no Brasil”, como já foi publicado, e gerar pânico por
aqui.

Não, a crise ainda não chegou no Brasil, ainda estamos na Fase 3 e
mesmo se crescermos 0% este ano, o que ninguém prevê, toda empresa irá
vender a mesma coisa no ano que vem. Sua promoção pode estar em risco
mas não o seu emprego.

Ademais esta crise nada tem a ver, nem terá, com a severidade da crise
de 1929, quando 25% dos trabalhadores perderam seus empregos e que
durou até 1940 com 14%. Na pior das hipóteses, o desemprego nos
Estados Unidos aumentará 3%, mesmo assim só por 24 meses. Se tivessem
líderes administrativos socialmente responsáveis, eles já teriam ido a
público garantir que manteriam o nível de emprego de suas empresas nos
próximos 12 meses. Hoje custa mais para se treinar um novo funcionário
do que para mantê-lo fazendo algo por 12 meses.

Depois que Alan Greenspan e Nouriel Roubini saíram dizendo que a crise
era igual à de 1929, todos os americanos pararam de gastar, aumentando
sua poupança e prevendo o pior. Ninguém sabe quem serão os 25% de
desempregados. Quando 100% dos consumidores param de gastar por um
único mês, cria-se uma espiral recessiva imprevisível. Outra
alternativa seria alertar os 3% que talvez sejam demitidos para
economizar, para que os 97% possam manter normalmente suas compras
evitando a espiral recessiva.

Na crise de 1929, 4.000 bancos quebraram, e a mera referência a 1929
como fizeram Greenspan e Roubini, leva pessoas leigas a correr para os
bancos, o que aconteceu agora na Europa.

A imprensa perdeu a capacidade de filtrar e processar informação
premida pelo tempo exíguo para colocar tudo na internet. Publicam o
que vier, especialmente se for notícia ruim. Nenhum banco comercial
irá quebrar, nenhum ainda quebrou nos EEUU, e mesmo se forem um ou
dois, nada se compara com 4.000. Bancos sempre quebram mas ninguém
percebe. Mesmo se quebrarem, o seu dinheiro, ao contrário de 1929,
está no fundo DI e não no Banco. O Fundo DI está no SEU NOME e dos
demais cotistas, e se um banco brasileiro quebrar, o que não vai
acontecer, seu dinheiro está salvo. No máximo você terá de esperar uma
semana para a troca de administrador do seu fundo. O dinheiro está
aplicado em títulos do tesouro em SEU NOME, não do Banco.

Deixar o dinheiro onde está é o mais seguro. Se você resgatar o seu
fundo DI, o dinheiro cai na sua conta, e se o banco quebrar justo
neste dia, você vira um credor do banco. Nossos bancos estão recebendo
depósitos dos apavorados estrangeiros. Muita gente em pânico está
saldando suas cotas em fundos de ações e o seu gestor é OBRIGADO a
vender uma ação mesmo com ela caindo 20% no dia, algo que você jamais
faria. Acionistas majoritários não estão em pânico, nem podem nem
querem vender suas ações. Só os minoritários se sentem uns idiotas
porque não venderam na “alta”.

Não temos bancos de investimento no Brasil. De fato, Roberto Campos
implantou neste país este mesmo modelo americano que está ruindo, mas
felizmente foi uma lei que “não pegou”. Problema a menos. Só temos
bancos comerciais, e estes são muito bem controlados pelo Banco
Central. Além do mais, nossos bancos têm dono, e por isto estão pouco
alavancados, 4 a 5 vezes, contra 20 a 25 vezes dos bancos de
investimentos americanos. O Brasil não está alavancado. Nossos
créditos diretos ao consumidor não passam de 36% do PIB, e devem
crescer para 40% no ano que vem. Os Estados Unidos estão alavancados
em 160% do PIB e é esta desalavancagem súbita que está causando
problemas.

Nosso Banco Central adotou, o que venho alertando há anos a países e
famílias – a política de ter reservas para os dias de crise e hoje
temos US$ 200 bilhões. Pela primeira vez o Brasil tem reservas para
sustentar uma crise duradoura, sem ter que se endividar para cobrir
furos de caixa. Temos um sistema financeiro dos mais modernos e
rápidos do mundo implantado devido à inflação galopante dos anos 90.
Nos Estados Unidos demora-se duas semanas para se descontar um cheque
entre bancos, por isto o sistema travou. Nenhum banco confia em outro
banco numa crise destas.

Esta é a hora para disseminar a nossa força, as nossas reservas, a
competência de Henrique Meirelles, primeiro administrador financeiro
(Coppead) a comandar o nosso Banco Central, e já se nota a diferença.
Está na hora de mostrarmos ao mundo que como a China e Índia, nós
vamos crescer via mercado interno, com produtos populares, tese que há
anos venho defendendo. Esta é a hora de mostrar o que DÁ CERTO no
Brasil em vez de conseguir fama no rádio e na televisão mostrando o
que poderia dar errado. Lembre-se que os verdadeiros culpados já estão
se movimentando para culpar os inocentes, e assim saírem incólumes e
mais poderosos.

————————————————–

Não gostou? Comente!

.

O Lee Lefever acaba de divulgar mais um vídeo da série que explica aspectos da internet que nem todo mundo sabe para que servem, ou, como ele mesmo comenta, explica o que é Podcast porque o uso deste recurso é muito mal entendido.

O áudio é em inglês, com narração bem feita, então mesmo que você não tenha grandes habilidades com o idioma pode aproveitar. Se não entende necas de inglês, ainda sim pode sacar o contexto pelas “figurinhas”.

Em último caso, se você odeia inglês e acha Podcast um saco, vale pela qualidade da animação. “A simplicidadade é o último grau de sofisticação” (citação atribuída a Leonardo da Vinci).

Entenda como funciona o Podcast:

No site da Common Craft há vários outros vídeos.

.

Este vídeo de Michael Wesch, professor de Antropologia Cultural na Univesidade do Kansas, não é novidade. Já foi largamente comentado e linkado em dezenas de sites e blogs, além de usar usado em salas de aula em tudo que é canto.

Por usar um ponto de vista antropológico é que foge do lugar comum tecnológico, dando esse ar de genialidade para a forma como explica a web 2.0 (e a web em geral). Vale ler a entrevista com Wesch sobre este vídeo no blog do John Batelle.

.

Da série Problemas de Usabilidade para Dummies, uma ilustre contribuição diretamente do Webmotors.

Logo na página principal, na seção Comprar, o usuário seleciona os parâmetros da busca que pretende realizar. Em seguida, deve clicar no botão Buscar:

Usabilidade botões webmotors

Com 2 botões idênticos e tão próximos, ganha uma bala quem adivinhar o que acontece! O usuário por vezes clica no segundo botão, que na prática deveria buscar pelo código de um anúncio em jornal.

Só para tirar a teima, fiz um teste informal com 5 pessoas e 2 clicaram no botão mais abaixo. Uma delas navega com frequência no Webmotors e se surpreendeu com “o próprio engano”.

Como o Donald Norman não deixa de enfatizar: o erro é da interface, não do usuário.

Pior é se dar conta que simplesmente mover a busca pelo código para outro local mais afastado resolveria o problema.

PS: Lu, viu só como os grandes também erram?

.

Tim Berners-Lee comenta rapidamente alguns princípios da web semântica: informação combinada, limpa e fatiada. Vídeo com legenda em português.

Via: Blog Linky

O Google aumentou sua participação no mercado de buscas dos Estados Unidos em outubro, ganhando terreno dos rivais Yahoo e Microsoft, segundo a empresa de pesquisas ComScore.

Com 58,5% do mercado, o Google ampliou sua liderança, avançando 1,5 ponto percentual em relação a setembro. O Yahoo ficou em segundo lugar, com 22,9%, em comparação aos 23,7% que detinha no mês anterior, e a Microsoft caiu de 10,3% de participação em buscas para 9,7%.

O Ask Network permaneceu estável em quarto lugar, com uma fatia de 4,7% do setor, enquanto a Time Warner caiu de 4,3% para 4,2%, segundo a ComScore.

Dos 10,5 bilhões de buscas feitas em outubro nos Estados Unidos, o Google ficou com 6,1 bilhões, longe dos 2,4 bilhões conquistados pelo Yahoo.

Pinçado de Dan Nystedt, editor do IDG News Service.

Uma recente pesquisa feita por B. J. Fogg em conjunto com o Laboratório de Tecnologia Persuasiva de Stanford, publicada na revista Consumer WebWatch, avaliou os fatores que mais contribuem para credibilidade de um site na internet. Foram avaliados 100 sites em 10 diferentes categorias, 2.684 pessoas participaram da pesquisa.

Confira os resultados:

1. Design Look (Design do Site): 46.1%
2. Information Design/Structure (Design da Informação/Estrutura): 28.5% (AKA: Arquitetura da Informação)
3. Information Focus (Foco da Informação): 25.1%
4. Company Motive (Segmento da Empresa): 15.5%
5. Information Usefulness (Utilidade da Informação): 14.8%
6. Information Accuracy (Precisão da Informação): 14.3%
7. Name Recognition and Reputation (Reconhecimento do Nome e Reputação): 14.1%
8. Advertising (Anúncios): 13.8%
9. Information Bias (Parcialidade na Informação): 11.6%
10. Writing Tone (Tom da escrita): 9.0%

Num primeiro contato, mesmo sendo um usuário mais avançado, o que é mais observado é o design. A pesquisa usa o termo credibilidade, portanto a navegação foi além do primeiro contato. Os usuários avaliaram a qualidade dos textos, o segmento de mercado e até mesmo a parcialidade na forma como a comunicação é feita. Ainda assim, o design respondeu por 46% da credibilidade. Traduzindo um miúdos: se você não sabe se comunicar visualmente, você não presta.

Considerando-se que o item Design de Informação/Estrutura pode ser agrupada ao item Design do Site, a soma dos valores alcança quase 65% da credibilidade atribuída pelo usuário ao site. Portanto, dois terços da credibilidade é atribuída à arquitetura da informação e sua representação gráfica.

Isto não significa que se possa ignorar as outras áreas, afinal, por melhor que um site seja, ele não sobreviverá sendo parcial, errando ortografia, divulgando informação imprecisa e zombando da capacidade do usuário.

Um alento para designers e arquitetos de informação!